Domingo, 6 Outubro, 2024
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NGOLHOZA: Relatos de um bairro onde o básico é “luxo”

Por Jornal Notícias
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LEOVIGILDO DA CRUZ

ISOLADOS na “ilha da escuridão” é como os residentes do bairro Ngolhoza, no município da Matola, descrevem as condições em que vivem. O sentimento tem a ver com as dificuldades que enfrentam diariamente, principalmente causadas pela falta de energia eléctrica.

É uma zona com elevado potencial que nos próximos tempos deverá entrar na rota do desenvolvimento com a implantação do terminal rodoviário inter-provincial, cujas obras de construção foram lançadas recentemente pelo Executivo Provincial.

Enquanto o progresso não chega, a população queixa-se da falta de quase tudo. Para minimizar a falta de energia, uns recorrem a painéis solares e geradores, enquanto outros contribuem para comprar postes e cabos, por forma a acelerar o processo de electrificação levado a cabo pela Electricidade de Moçambique (EDM).

FOTO 1- Sem corrente eléctrica, moradores recorre ao uso de painéis solares

A falta de corrente eléctrica tem igualmente impacto na actividade económica, pois os comerciantes recorrem a meios alternativos como gás para conservar os produtos, facto que encarece os bens essenciais, reduzindo o já baixo poder de compra da população.

Além disso, tal cenário propicia o recrudescimento da criminalidade, porque as ruas e terrenos baldios são pontos de eleição dos malfeitores que se aproveitam da escuridão para assaltar, agredir física e sexualmente os transeuntes, agravando a sensação de vulnerabilidade.

A morosidade na expansão da rede eléctrica e a falta de infra-estruturas sociais básicas como hospitais, escolas, postos policiais são apontados como factores para o fraco desenvolvimento socioeconómico local.

Outrossim, a precariedade das vias de acesso e a carência de transporte público também são apontados como desafios, porque os munícipes são obrigados a percorrer longas distâncias para aceder a estes serviços ou recorrer a carrinha de caixa aberta, vulgo “my love”.

FOTO 2- Da precariedade das vias à falta de energia

Apesar das dificuldades, os mais de oito mil agregados familiares mantêm a esperança de verem as suas condições de vida melhoradas. Para que tal aconteça, pedem maior investimento local bem como a rápida intervenção das autoridades governamentais.

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