Sábado, 12 Outubro, 2024
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DEVIDO À GUERRA: Sudanesas sofrem abusos “inimagináveis”

Por Jornal Notícias
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A ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas (ONU) alertou para os abusos “inimagináveis” que sofrem as mulheres e raparigas no Sudão e apela à ajuda internacional, retratando a devastação social que o país africano sofre desde o início da guerra.

“Não podemos deixar que o Sudão se torne uma crise esquecida. Agora, mais do que nunca, a comunidade internacional tem de se unir para apoiar as mulheres no Sudão, assegurando-lhes os recursos e a protecção de que necessitam para sobreviver e reconstruir as suas vidas”, afirmou o director regional em exercício do escritório da ONU Mulheres para a África Oriental e Austral, Hodan Addou.

Em Dezembro de 2023, o número de pessoas que necessitavam de assistência devido à violência de género já ascendia a 6,7 milhões, mais 100 por cento do que antes da actual guerra entre o exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR).

A ONU Mulheres estima que “o número possa ser muito maior agora” porque se teme que muitos casos não sejam denunciados por medo do estigma ou de represálias.

A capital, Cartum, e as regiões do Darfur e do Cordofão são os principais cenários dos abusos, num contexto em que os 5,8 milhões de mulheres e raparigas que foram forçadas a fugir das suas casas, e vivem agora como pessoas deslocadas internamente, são particularmente vulneráveis.

As sudanesas também sofrem particularmente de insegurança alimentar, com 64 por cento dos agregados familiares chefiados por mulheres a passarem fome, em comparação com 48 por cento dos chefiados por homens, enquanto 74 por cento das raparigas e jovens mulheres em idade escolar, mais de 2,5 milhões, não frequentam a escola, o que as torna mais vulneráveis a práticas como o casamento infantil e a mutilação genital.

Em termos de cuidados de saúde, as Nações Unidas estimam que mais de 1,6 milhão de mulheres em idade reprodutiva não dispõem de serviços adequados, apesar de mais de 160.000 delas estarem grávidas.

Em Julho de 2023, numa declaração conjunta, os chefes de várias agências das Nações Unidas responsáveis pelos direitos humanos, refugiados (ACNUR), crianças (UNICEF), mulheres (ONU Mulheres) e saúde (OMS) sublinharam estar “chocados e condenam os relatos de aumento da violência baseada no género no Sudão, incluindo violência sexual contra mulheres deslocadas e refugiadas”.

A guerra eclodiu a 15 de Abril de 2023 e obrigou mais de 10,3 milhões de pessoas a fugirem das suas casas.

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