Quarta-feira, 12 Novembro, 2025
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Academia forma DJ com visão multidisciplinar

Por Jornal Notícias
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EM Julho do ano passado foi estabelecida, na cidade de Maputo, a BPM Academy, a primeira escola de formação de disc jokeys (DJ) em Moçambique, cujo principal objectivo é desenvolver talentos e incutir nos alunos técnicas cruciais para destacarem-se nesta área.
O projecto foi idealizado pelo DJ Faya, um dos maiores destaques neste campo, e resulta da sua necessidade de partilhar conhecimentos, principalmente com as novas gerações, assim como criar uma incubadora artística para reconfigurar o panorama musical no país.
Princípios como união, responsabilidade e inclusão estão assentes no projecto, para além do ensino das técnicas de DJing. A sua primeira edição durou 45 dias, marcados por um compromisso social e recentemente foi graduada a primeira turma.
“Queremos que Moçambique deixe de exportar apenas talento bruto e passe a exportar artistas preparados para o mundo. A sua visão vai além das mesas de mistura. A BPM é mais do que ensinar o mix, é sobre construir profissionais completos: com identidade, atitude, visão e ferramentas para liderar o seu próprio percurso”, refere DJ Faya.
Dos 20 formandos quatro foram bolseiros integrais, numa parceria pioneira com a Associação do Autismo de Moçambique, causa de que DJ Faya é embaixador.
Este gesto concretiza uma visão de educação artística acessível, onde o talento não é medido pela condição social ou neurológica, mas pela paixão e dedicação. É assim que jovens que padecem do mal são integrados, não como terapia ocupacional mas como parte do panorama cultural nacional, afinal a integração contempla, como defende DJ Faya, uma inclusão que vai para além das definições emanadas da política.

Visão multidisciplinar
A IMPORTÂNCIA de uma escola de DJ vai muito além de simplesmente aprender a tocar músicas. Ela desempenha um papel essencial na formação técnica, artística e profissional de quem quer seguir carreira na música electrónica, eventos ou produção sonora.
Por isso a primeira academia de DJ oferece uma estrutura pedagógica assente em seis pilares: DJing e sonoplastia, imagem e posicionamento, marketing digital e artístico, empreendedorismo e produção musical.
Na primeira turma as aulas foram complementadas com masterclasses de figuras de proa, reforçando a base teórica e prática dos futuros criadores. Em parceria com a Associação Moçambicana de DJ (AMDJ), a BPM integrou formandos na rede associativa da classe.
O impacto da BPM Academy transcende a esfera artística. Num contexto de desafios socioeconómicos, o projecto procura posicionar-se como um motor da economia criativa, formando profissionais aptos a actuar em clubes, eventos, festas, casamentos, hotelaria e a gerir os seus próprios empreendimentos.
“Esta é uma resposta concreta ao desemprego juvenil, transformando uma paixão numa profissão viável”, destaca o líder da escola.
Paralelamente, a missão da academia está ligada à saúde mental. A música, como linguagem universal e terapia não-verbal, revela-se uma ferramenta poderosa de expressão e equilíbrio, particularmente significativa para os alunos no espectro do autismo. A BPM torna-se, assim, num espaço de ocupação positiva, onde a criatividade é canalizada para o desenvolvimento pessoal e a auto-estima.

Dando novo ritmo ao futuro
COM a primeira turma certificada e um processo em curso para acreditação pela Autoridade Nacional de Ensino Profissional (ANEP), a BPM Academy prepara agora a sua segunda edição, com início previsto para finais deste mês.
O horizonte é ambicioso: um novo espaço acústico, a expansão nacional e o sonho de levar esta formação de excelência, através de financiamento e parcerias, a jovens talentos de contextos desfavorecidos ou afectados por calamidades por todo o país.
“O convite está lançado. A BPM Academy não está apenas a ensinar Moçambique a fazer misturas ou, na linguagem dos DJ, mixar; está a ensiná-los a ouvir o seu próprio futuro, batendo a um novo ritmo. Um ritmo de inclusão, profissionalismo e transformação, onde cada beat conta uma história de resiliência e onde, finalmente, o país toca a sua própria narrativa sonora”, destacou o mentor.
Fayaz Abdul Hamide, ou simplesmente DJ Faya, é um artista e empresário com uma carreira de 20 anos e uma passagem por mais de 22 países, sendo uma das personalidades mais premiadas nesta vertente em Moçambique.
É Mestre em Marketing Digital, Licenciado em Ciências da Comunicação e Bacharel em Gestão de Marketing. É a base sobre a qual assenta a visão estratégica da BPM. Esta formação permite-lhe transitar com autoridade do palco para a sala de aula, ensinando não apenas a técnica, mas a construir uma carreira sustentável.
O seu catálogo musical inclui “Fala” (com Nuno Abdul e Dickey), “Agarra” (com Twenty Fingers) e “Lelo” (com Fally Ipupa), que acumulam milhões de visualizações e estão disponíveis nas principais plataformas digitais.
O álbum “Tá Comprovado” (2019) e os lançamentos recentes de 2024 e 2025 atestam a sua relevância contínua e a capacidade de se manter na vanguarda da indústria musical.

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