Terça-feira, 11 Novembro, 2025
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Mano Cuambe e as turbulências 

Por Jornal Notícias
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ANABELA MASSINGUE

(anmassingue@gmail.com)

QUEM conviveu com o colega Daniel Cuambe (que Deus o tenha), certamente guarda alguma parte do que melhor o caracterizava: o senso de humor.

Dos vários momentos de descontracção e, até certo modo divertidos que pude ter na nossa convivência no seio da família que era ou é a Redacção do Jornal Notícias, existe um que não é abalado pelo tempo, de tão actual que é em todos os momentos: a história da turbulência em avião.

Dá para rir sempre, até dá. Qualquer um que esteja no “modo de voo”, como se costuma dizer também para quem está numa viagem de avião, certamente que pode chamar a si esta piada sempre que estiver diante de uma turbulência, seja ela de curta ou longa duração.

Já comentei nalgum momento sobre esta realidade, em conversa com alguns colegas e hoje, entendi que valia a pena reconta-la, mas neste formato, apesar de se tratar de algo que só é válido pelo lado humorístico e ao mesmo tempo didáctico, em situações inusitadas.

São daquelas coisas que se podem equiparar à música clássica que não pára no tempo e à moda que vai e vem. O mais interessante é o facto de as coisas ditas no meio de brincadeira, ficarem registadas para sempre.

A conversa entre mano Cuambe ou mano Dany, como era carinhosamente tratado, e os colegas teve lugar, na década de 1990 e em jeito de indução para quem se preparasse para uma estreia de viagem aérea, particularmente para fora do país.

Na sua marca cómica, ele deu, nesse dia, uma aula que soava a gozo, mas necessária.

– Lá no ar tem havido muita turbulência, hein!. Vocês vão-se deparar com isso muitas vezes, mas não devem entrar em pânico, pois isso está previsto e nem é motivo de desespero. É preciso saber lidar com esses momentos até porque eles são passageiros.

– Mas como manter frieza no abanão, estando dentro de um aparelho, à partida suspenso no ar, em que qualquer falha remete à queda? Conseguiria alguém mesmo estar calmo nessas circunstâncias?

– É possível. Em apuros cada um encontra o seu porto seguro.

– E em que o mano se apoiaria nessas circunstâncias?

– Quando é assim, dizia o mano, não façam mais nada senão olhar para o semblante dos mais experimentados nesta matéria. Geralmente são indivíduos de raça branca. Esses nasceram e cresceram a viajar de avião. Se eles se mantêm concentrados na leitura é porque aquilo não é nada (gargalhada geral). Caso manifestarem aflição, ai podem também se preocupar….

Mas a experiência, às vezes, dita o contrário. Veio-me à memória esta história por conta de um momento de voo turbulento que passei recentemente.

O ambiente foi para todos, sem excepção, extremamente desagradável, uma vez que nem os mais experimentados conseguiram exteriorizar o sentimento de que nada estava a acontecer.

Pessoalmente, tentei me ater ao telefone, uma vez que tudo começou num momento em que alinhava um artigo para enviar para Maputo, logo que as condições o permitissem.

A minha insistência no teclado poderia ser interpretada pelos que me viam, como sinal de coragem e segurança e, quem sabe, encorajar os que estivessem tomados pelo medo.

Contei também a alguém, cuja esposa é de raça branca. Não se conteve de tanta risada, pois a sua esposa é tímida pior que uma criança: e a depender dela como termómetro, dizia o meu amigo, todos os ocupantes da aeronave certamente que viajariam com frio na barriga.

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