O EX-PRESIDENTE congolês-democrático Joseph Kabila vai regressar ao país para ajudar a encontrar uma solução para a crise no leste, devastado pela guerra, onde os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, tomaram grandes áreas de território.
“Decidi regressar à casa sem demoras para contribuir para a procura de uma solução”, disse à Reuters Kabila, que esteve no cargo de 2001 a 2019 e deixou o país em 2023, estando actualmente a viver na África do Sul.
No entanto, o seu regresso seria controverso devido à rivalidade com o actual Chefe de Estado, Felix Tshisekedi.
Filho do presidente Laurent Kabila, Joseph chegou ao poder após o assassinato do pai e recusou demitir-se quando o seu último mandato expirou oficialmente em 2016, o que levou a protestos letais.
Os opositores de Kabila acusaram-no de atrasar as eleições para organizar um referendo que lhe permitisse candidatar-se a um terceiro mandato. Finalmente concordou em renunciar em 2018, após uma eleição em Dezembro.
Tshisekedi e Kabila assinaram um acordo de partilha de poder após as eleições de 2018. Mas Tshisekedi acusou mais tarde o seu antecessor de bloquear as reformas.
O actual Chefe de Estado, que assumiu o cargo em 2019, acusou recentemente Kabila de apoiar os rebeldes.
A relação entre ambos deteriorou-se e, enquanto o M23 marchava em direcção à segunda maior cidade do leste do país, Bukavu, em Fevereiro, Tshisekedi acusou publicamente Kabila de patrocinar a insurgência.
Kabila tem contactado políticos da oposição e membros da sociedade civil para discutir o futuro político do país, no meio de críticas à resposta de Tshisekedi à campanha do M23.
“Decidi começar pela região oriental, onde existe um perigo iminente”, disse Kabila, delineando os seus planos numa mensagem escrita que dizia que o seu regresso ocorreria após consultas com autoridades nacionais e estrangeiras e outros intervenientes no conflito.
Entretanto, as conversações de paz entre o Governo de Kinshasa e o M23, planeadas para ontem, em Doha, foram adiadas sine die, segundo a Reuters.
No mês passado, o Qatar intermediou uma reunião surpresa entre o Presidente congolês e o seu homólogo ruandês Paul Kagame, durante a qual os dois líderes apelaram ao cessar-fogo.