Quarta-feira, 9 Julho, 2025
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ANGOLA E MOÇAMBIQUE: Cinquentenário de independências em disputas

Por Jornal Notícias
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ROSÁLIA DIOGO*

O INSTITUTO Cultural Casarão das Artes Negras, completa 12 anos de actuação em 2025, promovendo acções de valorização da cultura africana e afro-brasileira em Belo Horizonte. Além do projecto Canjerê, o instituto é responsável pela publicação da Revista Canjerê, que comemora 10 anos, actualmente na sua 24ª edição.  Actua na promoção da literatura, moda, culinária, música e debates em torno da luta antirracista.

Desde 2015 estas nossas instituições celebram o aniversário da independência de Moçambique. Por este motivo, o primeiro lançamento das duas edições anuais da revista acontece no mês de Junho, para que possamos fazer uma actividade festiva em conjunto.

Nos dias 28 e 29 de Junho, voltamos a fazer essa celebração!  Desta vez, saudamos também o cinquentenário de independência de Angola, que será comemorada no dia 11 de Novembro. Tudo isso, em meio ao novo ciclo da Década dos Povos Afrodescendentes (2025-2034), instituída pela Organização das Nações Unidas – ONU.

A programação aconteceu no sábado, dia 28, no Espaço Cultural Casa Canto, com a performance litero-musical “Ponto Negro Entre Dois Mundos”, conduzida pelo artista Sérgio Diaz e acompanhada pelos músicos Leonardo Madeira e Márcio Santos.

Em comemoração dos 50 anos de independência de Moçambique e Angola, a apresentação propôs uma profunda reflexão sobre a diáspora africana e seus múltiplos desdobramentos. Tendo o Brasil como um dos grandes berços dessa diáspora — por ter recebido a maior parcela de africanos durante o tráfico negreiro —, o recital costurou as histórias e culturas do Brasil, Moçambique e Angola.

Sérgio Diaz interpretou poesias de autores moçambicanos e angolanos, alinhava as releituras de canções de artistas negros brasileiros, além de composições autorais, formando uma teia onde a arte une e mantém viva a cultura afro-diaspórica.

A noite contou ainda com o recital “No Alto da Colina Canto a África”, em que o poeta Robson Di Brito recebeu as convidadas Dalva Silveira e Rosália Diogo, para uma apresentação poética dedicada às raízes africanas e à ancestralidade, reafirmando o compromisso do evento com a valorização das múltiplas expressões da cultura negra.

E a pérola da noite foi a exibição do vídeo com os depoimentos dos ativistas culturais moçambicanos, Feling Capela, Mauro Brito e Sérgio Libilo, que exaltaram a importância e alegria dos intercâmbios com o Brasil.

No domingo, 29 de Junho, a programação seguiu em parceria com o Projeto Nujazz no Parque, no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado. O evento contou com apresentações musicais dos DJs Vula, Leo Olivera, Fabiano Silva e Giulliano D-Oxb, e intervenções poéticas de Dalva Silveira, Robso Di Brito e Rosália Diogo.

A programação também incluiu a exposição “Muthianas e Capulanas de Moçambique”, do fotográfo e jornalista moçambicano, Albino Moisés, trazendo as cores, tecidos e simbologias da cultura moçambicana.

*Rosália Diogo. Brasileira-moçambicana. Pesquisadora, jornalista e curadora do Casarão das Artes Negras. Embaixadora do Poetas D’Alma Festival no Brasil

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