Segunda-feira, 24 Novembro, 2025
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Os problemas de sempre!

Por Jornal Notícias
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ETELVINA DOS SANTOS

QUANDO tudo parecia estar a entrar nos trilhos e vislumbrava-se o recomeço para centenas de famílias que perderam quase tudo nas inundações dos anos transactos, a chuva tratou de  mostrar, mais uma vez, as fragilidades de muitos bairros de Maputo  e Matola.

Residências, vias de acesso, infra-estruturas sociais como escolas e unidades sanitárias foram tomadas pela água. O cenário não é novo, mas desta vez, dois dias de intensas chuvas, que atingiram 30 a 50 milímetros em 24 horas,  foram suficientes para reabrir velhos traumas.

A precipitação que iniciou no sábado de forma miúda, agravou-se nos dias subsequentes, forçando famílias de zonas residenciais há muito tempo problemáticos, a dormir ao relento ou procurar abrigo em zonas seguras.

São disso exemplo os moradores de bairros como Maxaquene, Magoanine A e C, Hulene, Costa do Sol, Ferroviário, na capital do país; Liberdade, Machava e Nkobe, na província de Maputo que assistiram, com sentimento de impotência, suas casa, muros de vedação e outros,  ruir diante da fúria da água.

As ocupações desordenadas,  em áreas de risco como bacias e zonas baixas, são apontadas como causa para ocorrência de inundações. No entanto, o cenário pode estar aliada a não fiscalização por parte das autoridades, para além da falta de infra-estruturas, como canais de escoamento de água.

Numa ronda efectuada pelo “Notícias”, na manhã de terça-feira, pouco depois da chuva ter abrandado, os estragos eram ainda visíveis. Jovens e adultos, mergulhavam na água ou improvisavam passadeiras feitas de blocos, sacos com areia ou entulho, gincana quase que regular, para se fazerem à escola, trabalho ou outro destinos.

Por sua vez, as crianças, que já se encontram em período de férias escolares, brincavam nas ruas alagadas, como se de piscinas ou praias se tratasse ou adentravam nas residências abandonadas, para capturar  os peixes que lá encontraram um lugar propício para procriar, ignorando todo e qualquer perigo para a saúde que esta  prática possa significar.

RISCO DE PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS

AS RESIDÊNCIAS e ruas cinco e seis, no quarteirão 59, bairro Hulene transformaram-se em viveiros de insectos transmissores de doenças e pequenos animais aquáticos como sanguessugas, alguns destes transmissores de infecções de trato intestinal e pele.

Sucede que, algumas famílias capturam e alimentam-se do peixe que se reproduz naquele ambiente, muitas vezes insalubre devido ao contacto com águas negras e das fossas submersas.

No entanto, a maioria disse não ter para onde ir, adaptando-se por isso a esta realidade. Abreu Gabriel, mora há poucos metros do Centro de Saúde de Hulene, actualmente inundado, facto que forçou os residentes a recorrer a outros hospitais próximos, como o Geral de Mavalane, aumentando, significativamente, a demanda e  concorrendo para enchentes e aparente morosidade no atendimento.

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