27.4 C
Maputo
Sexta-feira, 29 - Março, 2024

DE CURTA DURAÇÃO: Cursos profissionalizantes geram empregos

+ Recentes

APÓS HARMONIZAR PROCEDIME...

EDITORIAL

Alerto Bia aborda vida e ...

Nyusi diz que Manuel Tomé...

OS níveis de desemprego continuam elevados na cidade de Nampula, não obstante os esforços do Governo para a criação de oportunidades de emprego, sobretudo para jovens, que mesmo com um nível de escolarização aceitável, vivem sem emprego e em situação de extrema pobreza.

Uma das alternativas encontradas para aliviar este problema é a formação em vários cursos profissionalizantes de curta duração, administrados pelo Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais (IFPELAC), entidade que está a transformar o modo de vida de jovens que optaram pelo “saber fazer” e embarcam para o  auto-emprego.

O IFPELAC, criado em Novembro de 2016, surgiu na sequência da extinção do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, sendo que, neste quinquénio 2020-2024 está sob tutela da Secretaria do Estado da Juventude e Emprego.

Os cursos ministrados em Nampula têm em vista dar uma grande contribuição no empoderamento económico da vida da população, principalmente dos jovens, de toda a província.

Dados disponíveis dão conta que o IFPELAC formou 24 jovens com deficiência física, 276 bolseiros de vários níveis e neste momento está em processo a inscrição de jovens requerentes de asilo, estes últimos, sob apoio da Agência das Nações Unidades para os Refugiados (ACNUR), que custeia as despesas decorrentes da formação.

O delegado do IFPELAC, em Nampula, Saraiva Chucumule, explicou que a instituição tem respondido os anseios e oportunidades dos jovens, incluindo as necessidades e pedidos de algumas empresas, uma vez que as áreas de formação estão alinhadas com a demanda do mercado, com tendência a exigir o saber fazer.

O IFPELAC de Nampula  ministra 15 ramos de especialidades profissionais, com uma duração que varia entre três e seis meses, sendo os de maior demanda a electricidade instaladora, canalização, serralharia, informática, refrigeração, cozinha e pastelaria.

Chicumule indicou que anualmente a sua instituição estabelece uma meta, indicada no plano económico e social, de formar entre 1200 e 1500 jovens, dependendo da capacidade do centro e da carga horária de cada curso, sobretudo sobre o nível de procura.

Salientou que a meta tem sido largamente ultrapassada à semelhança do que aconteceu no  presente ano, onde até ao fecho do terceiro trimestre, foram formados  2135 jovens, em vários cursos profissionalizantes, o que eleva um cumprimento da meta em mais de cem porcento do previsto.

“Ainda temos acções em curso e as metas são distribuídas em vários indicadores porque temos obrigação de atender vários seguimentos da sociedade, como é o caso de pessoas com deficiência, bolseiros e requerentes de asilo”, disse Chicumule.

Estágios ajudam absorção da mão-de-obra

A SUBMISSÃO dos jovens durante ou depois da formação a um período de estágio profissional, integrados em algumas empresas, principalmente do sector privado, tem ajudado no  recrutamento da mão-de-obra, face a conhecimentos, capacidades e habilidades que demonstram.

Este ano, foi introduzido um regulamento de formação em alternância, onde os jovens realizam aulas teóricas no centro e as praticam nas empresas, onde são submetidos para o estágio pré-profissional.

Chicumule clarificou que o regulamento não obriga que as empresas absorvam a mão-de-obra, mas tem sido a oportunidade para as duas partes, por um lado, para demonstrar as capacidades, por outro para empregar pessoas com competências.

Numa outra abordagem, a fonte revelou que o centro de emprego instalado nesta instituição, também contribui no recrutamento de jovens, porque é o local onde as empresas depositam as vagas para o emprego.

“Nós temos incentivado os jovens formados a se inscreverem tanto para emprego directo assim como para estágios”, disse Chucumule, sustentando, por exemplo, que um grupo de jovens formados na área de canalização, foi recrutado pelo Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG).

“Tivemos o recrutamento de um grupo de raparigas pela empresa Coca-Cola e mineradora Kenmare para estágios remunerados ”, revelou Chicumule.

Entre os ganhos, o delegado do IFPELAC mencionou o programa “Meu kit meu emprego” desenvolvido pela Secretário do Estado da Juventude e Emprego, através do Instituto Nacional de Emprego, que prevê a atribuição anual de kits para o auto-emprego, para além do trabalho de sensibilização, realizado por alguns parceiros de cooperação nacional e internacional.

“A formação que estamos a iniciar com o ACNUR tem a componente de empoderamento económico pois, já vão acima de 75 por cento, jovens que após a formação receberam kits de auto-emprego”, disse Chicumule.

Sonho dos formandos

OS participantes dos cursos do IFPELAC alegam que depois da formação surge a paixão pela profissão, sonho este que os fez inscrever no centro de formação.

João Pedro Carvalho, é natural de Maputo, mas vive em Nampula, inscreveu-se no curso de electricidade instaladora. Disse que desde pequeno sonhou ser electricista, daí que optou por se inscrever em busca da realização do seu sonho.

“Era um sonho de infância ser electricista e estou a concretizar”, disse João.

Osmam Paulo, formando em electricidade, disse que concluída a 12.ª classe, decidiu abraçar o curso, motivado por amigos.

“Fiquei muito tempo em casa sem nada para fazer e, nesse período, testemunhei bons momentos de amigos formados nesta área e a ganharem algum dinheiro”, disse Paulo.

Esperança Januário, formanda em corte e costura, disse ter escolhido o curso para enriquecer os seus conhecimentos.

“Quero saber fazer com alguma técnica e não empiricamente como vinha acontecendo. Tenho minha máquina de costura e quando terminar o curso vou continuar a empreender nesta área. Quero ser uma grande empreendedora no futuro”, finalizou.

Aposta no autoemprego

O SUCESSO dos cursos depende de formadores com qualidade que possam emprestar ao processo de ensino e aprendizagem as mais-valias para os formandos.

No IFPELAC, os formadores afirmam que conhecem o objectivo da instituição e daqueles que  a procuram para determinar o futuro de suas vidas.

“As pessoas vêm aprender para conseguir um emprego formal ou criar auto-emprego. Por isso a palavra de ordem é transmitir conhecimentos para que o estudante saiba fazer”, disse Fastudo Luís, formador do curso de corte e costura há 11 anos.

O formador diz sentir-se feliz porque muitos formandos estão empregados ou a realizar uma actividade a título privado, com base no que ele transmitiu.

Alberto Agostinho, formador na área de canalização diz igualmente que é importante transmitir conhecimentos, sobretudo os práticos, porque as pessoas saem e vão implementar o que conseguiram assimilar.

“Estamos a contribuir para a redução dos níveis de desemprego na nossa cidade. Seria recomendável que mais jovens viessem adquirir conhecimentos para criarem o seu emprego”, exortou Agostinho.

- Publicidade-spot_img

Destaques