País desafiado a melhorar estatísticas da área agrária
A melhoria das estatísticas agrárias, fitossanidade e pecuária é um dos grandes desafios que Moçambique sepropõe aalcançar nos próximos anos, com vista a responder às recomendações da Comunidade para oDesenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Africana.
Para a concretização desta intenção,foi lançado quinta-feira,em Maputo, o Projecto de Apoio à Operacionalização da Política Regional Agrária (RAP) da SADC, uma iniciativa que conta com o financiamento da União Europeia e apoio técnico do Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Constituem principais objectivos deste programa, avaliado em cerca de nove milhões de euros, a materialização dos indicadores de produção agrária a nível regional, com vista àintegração da política regional nas áreas de estatística, fitossanidade e pecuária; melhorar o acesso à informação sobre a produção, produtividade, sustentabilidade e competitividade, bem como o acesso aos mercados.
Falando no evento, Delfim Velissa, director nacional de Planificação e Cooperação Internacional no Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, considerou que um dos grandes desafios de Moçambique, aquando da submissão do relatório bienal sobre as metas na Declaração de Malabo, foi o melhoramento do sistema de estatísticas agrárias.
Ao abrigo desta Declaração, a União Africana também aconselhou o país a tomar medidas claras de modo a reduzir as perdas pós-colheita,que na altura se situavam àvolta de 30 a 40 por cento.
“Estas perdas, por um lado, devem-seàquestão das mudanças climáticas porque, como todos sabemos, Moçambique é extremamente vulnerável às mudanças climáticas,e uma das razões tem a ver com a sua localização geográfica na região intertropical”, explicou.
Delfim Velissa sustentou que as mudanças também se fazem reflectir através das altas temperaturas,que propiciam a multiplicação e proliferação de pragas e doenças,e constituem, por isso, um grande desafio para as autoridades e fazedores da agricultura.
“De forma específica, a União Africana recomendou Moçambique a tomar medidas claras de resiliência às mudanças climáticas, sobretudo no sector agrário. Nós estamos cientes de que este projecto que aqui estamos a lançar não vai poder cobrir as necessidades todas, mas já é um grande passo”, referiu Velissa.
Por seu turno, Ilona Gruenewald, adida de Desenvolvimento Rural e Infra-estrutura da União Europeia em Moçambique, recordou que nos últimos anos a praga da lagarta do funil do milho constitui um grande risco para a segurança alimentar, ao mesmo tempo que se referiu à doença da banana, que cria grandes danos à economia.
Para além destas pragas, o sector da agricultura também enfrenta seca,que afecta a produção agrícola,com impactos nos preços.
Destacou, por isso, a necessidade de uma maior partilha e disseminação da informação de qualidade, de modo a minimizar os danos resultantes destes fenómenos calamitosos.