QUITÉRIA UAMUSSE
OS dias tornaram-se sombrios para quem opera o táxi-mota na vila municipal de Boane, devido à onda de assaltos e assassinatos que se assiste nos últimos dias.
Os jovens que se dedicam à actividade temem pela própria vida e se sentem abandonados por quem os devia proteger. Poucos casos têm esclarecimento, o que leva o grupo a insurgir-se contra as autoridades.
O episódio mais recente foi de um moto-taxista de 27 anos, que operava há um ano e que perdeu a vida numa unidade sanitária.
A vítima caiu nas malhas de assaltantes, que lhe desferiram golpes na cabeça e roubaram o meio de trabalho, telemóveis e valores monetários.
Os rumores do envolvimento de um membro das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no assassinato do colega elevaram os ânimos dos moto-taxistas, que ao descobrirem que o mesmo estava detido foram pedir a “cabeça” à Polícia.
O pedido foi inicialmente recusado, mas face às ameaças de invasão da esquadra e ataque a um agente as autoridades acabaram entregando-o à população, que recorreu à justiça privada.
Segundo os moto-taxistas, o suspeito foi levado ao hospital por membros da Polícia da República de Moçambique (PRM). Dias depois perdeu a vida e as investigações conduziram à detenção dos cabecilhas e apreensão das motorizadas.
Assim, instalou-se um mau ambiente na vila de Boane. Os operadores desconfiam de tudo e todos, pois para além dos membros das FDS acreditam na participação de elementos da Polícia e colegas nas incursões.
Há, por isso, moto-taxistas que só continuam a trabalhar por falta de alternativas. Trata-se, na sua maioria, de jovens que estão a formar os seus próprios lares e têm na actividade, que ajuda a comunidade perante a ineficiência do sistema de transporte, uma fonte para ganhar dinheiro.
Foto: Edmundo Jr


