A CIDADE de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, está a desenvolver desde finais de 2013 um Plano Municipal de Adaptação que visa apoiar a sociedade civil e o sector privado a identificar as vulnerabilidades climáticas e capacidades existentes com vista a criar resistência a impactos de desastres naturais e reduzir riscos.
Financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em cerca de 15 milhões de dólares, o projecto, com a duração de três anos, será também implementado na cidade de Quelimane, a capital provincial da Zambézia. Segundo Casimiro António, daquela organização, o programa termina em 2018. Aquele responsável precisou que o projecto está inserido no Programa de Adaptação das Cidades Costeiras (CCAP).
Referiu que durante a vigência da iniciativa serão capacitadas organizações da sociedade civil nas respectivas cidades, dotar os dois municípios de recursos financeiros como meio de contingência para estes terem a capacidade de resposta a desastres naturais em caso de necessidade.
“Os planos vão permitir que os municípios saibam estruturar onde a população e os investidores devem erguer infra-estruturas, quer habitacionais e outras, para evitar que os locais que se apresentem vulneráveis a desastres naturais possam ser evitados, porque o efeito das mudanças climáticas é uma realidade” – indicou Casimiro António, tendo afirmado ainda que os planos irão permitir que se definam linhas orientadoras de intervenção. Disse que há espaços municipais que ficam destruídos por fenómenos naturais na época chuvosa. A fonte afirmou que, apesar de ser um desafio alinhavar os planos, existem exemplos bem sucedidos de conservação de ecossistemas em algumas cidades do país.
Pretende-se com a iniciativa, de acordo com a nossa fonte, mapear todas as áreas que se apresentem vulneráveis a acidentes naturais no cadastro municipal. “É, acima de tudo, um instrumento orientador onde a população poderá saber sobre os lugares de risco dos males ambientais. As informações sobre o plano serão difundidas via rádio e televisão”, referiu o nosso interlocutor.
Para a elaboração do projecto, segundo a nossa fonte, houve uma auscultação da população residente nos dois municípios. “Os lugares de risco foram identificados pelas próprias comunidades porque está claro que a população sabe dos riscos que as mudanças climáticas apresentam”, explicou.
Entretanto, Sele Abudo, presidente do bairro de Paquetequete, considerado o mais vulnerável da cidade de Pemba, por se localizar no mesmo nível das águas do mar, disse que os residentes daquela área municipal a pouco e pouco vão tendo a consciência de que as construções desordenadas e o fecalismo a céu-aberto são um perigo ao ambiente.
“Vivem em Paquetequete mais de 13 mil habitantes e a localização do nosso bairro requer que os residentes sejam inteligentes para superar dificuldades porque durante a época chuvosa temos as águas pluviais que arrastam solos para o mar e neste tempo seco temos marés altas que transbordam do oceano para as zonas residenciais” – afirmou Abudo.
JONAS WAZIR