Ananias Langa
A preocupação relacionada ao consumo de bebidas alcoólicas é eterna em Moçambique. É que a raiz do problema foi plantada ontem, cresce até hoje e não vai morrer amanhã, bastando notar que o gráfico do consumo de álcool segue uma tendência exponencialmente ascendente. Aliás, este comportamento constitui um problema de saúde pública.
Reconhecido o mal que o consumo de álcool representa, particularmente o vulgo “Xivotchongo”, inúmeras são as vozes que se lançam contra a produção, venda e consumo, sugerindo a criação de leis que desencorajem tais acções.
Dos espaços de informação e debate, consta que aumentar o preço pode ser uma opção. Porém, na minha opinião, esta não funciona, a olhar pela profundidade do problema e pelo contexto em questão: moçambicano. Para continuar esta locução, recorro a uma frase vulgar. Segue-se:
“Ku tshika gwala iku tsukula munti” (Deixar de beber significa abandonar a família). Esta preposição, muito repetida entre consumidores de bebidas alcoólicas, é bastante esclarecedora da posição privilegiada e estranhamente atribuída ao álcool nas famílias moçambicanas e não só.
A história, que não mente, mostra que a opção de aumentar o preço estaria longe de solucionar o nosso problema, visto que algumas pessoas chegam mesmo a considerar a bebida alcoólica um produto de primeira necessidade, de tal modo que ela é “inscrita” nas listas, normalmente mensais, dos produtos alimentares das famílias.
Para atestar a alta falibilidade desta medida, é suficiente lembrar que o preço da cerveja, por exemplo, à semelhança de tantos outros produtos, conheceu subidas significativas ao longo do tempo, num explícito acompanhamento da elevação do custo de vida, mas nunca se reportou nenhum caso de recessão dos produtores por falta de consumo.
Um olhar mais profundo sobre a referida opção leva a crer que, mais do que resolver um problema, ele está mais como que um passo rumo ao caos, na medida em que, face à subida do preço, o objectivo de obter dinheiro para comprar “Xivotchongo” poderá justificar os meios para o efeito, que poderão incluir assalto, assassinato, entre outras vias abomináveis.
Nisto, penso que a melhor solução passa por desencorajar a produção das bebidas que destroem o tecido da nossa sociedade. Portanto, uma legislação direccionada à interdição da produção, venda e do consumo mostra-se mais recomendável e urgente.


