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Limpopo: Professor: 40 anos convivendo com uma sociedade hipócrita

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César Langacesarlanga@yahoo.com.br

FOI no dia 12 de Outubro de 1981 que se criou a Organização Nacional do Professor (ONP), tendo como primeiro secretário-geral Pascoal Zandamela. Tal como outras organizações sócio-profissionais, a ONP tinha como objectivo garantir o bom desempenho deste grupo profissional, que tem o condão de determinar os destinos de toda uma nação, partindo do pressuposto de que é da educação e instrução que se “lapidam” mentes.

Aliás, mostra o histórico de muitas sociedades que grande parte dos gestores, incluindo políticos, tem passagem pelo professorado, o que prova até que ponto esta figura (professor) se torna o centro de valores e aglutinadora de saberes e competências. Acaba sendo por isso que muitas instituições que se prezam, quando necessitam de dotar os seus recursos humanos de quadros que garantam estabilidade institucional, recorrem a técnicos com passagem pela educação, no seu percurso profissional. Até porque exemplos da indiscutível importância do professor nunca caberiam em toda a edição deste matutino.

Hoje, esta organização que, pela dinâmica do quotidiano, já é conhecida por Sindicato Nacional dos Professores, celebra os seus 40 anos. Como em qualquer etapa de existência, seja de pessoas ou instituições, o momento, para além de festa, deve ser, também, de reflexão. Deve servir para a avaliação de todo um percurso, a partir de onde se vem, passando por onde se está, até à perspectiva de onde se pretende ir.

Mas, diferentemente do que acontece com muitas outras organizações sócio-profissionais, o professor, quando olha para trás, não vê vestígios! Procura algo no presente e não encontra nada! Continua sendo aquele parente pobre, que até já foi vexado em plena praça pública, na década de 80, anos da criação da sua organização, com chambocadas distribuídas pela Polícia, tudo por “culpa” de uma marcha pacífica, constitucionalmente consagrada, em reclamação dos seus direitos, eternamente beliscados. Nesse dia, o professor foi fisicamente agredido (dói-me lembrar-me deste episódio!) por indivíduos desta sociedade, que nunca se teriam tornado membros da corporação, se este mesmo “infeliz” não lhes tivesse ensinado o “ABC” e o “1+1”. Mas os polícias espancaram este professor. Polícias que, nos seus momentos de conversa, fazem referência aos professores que foram responsáveis pela sua formação académica.

Hoje, celebra-se a passagem dos 40 anos do Sindicato Nacional dos Professores, caracterizados por uma vida tão dura quanto humilhante desta camada sócio-profissional, que convive com uma sociedade que diz sempre bem de si, mas que nunca reconhece a sua importância com actos sérios e concretos.

Sem prejuízo à transversalidade das profissões, a verdade manda dizer que o “ranking” também não deve ser ignorado. Não existe técnico de nenhuma especialidade que não parta de uma “rampa” chamada professor, este profissional de bata branca, quase encardida, porque nem dinheiro para a aquisição de detergentes, para uma lavagem adequada consegue ter.

Hoje, o professor celebra os seus 40 anos, enfrentando uma sociedade que finge que o acarinha, mas que lhe faz muito mal, não reconhecendo o seu valor como ser humano digno e, por isso, primeiro responsável pela dignidade de quem devia fazer o melhor por ele. São, enfim… 40 anos de convívio com uma sociedade hipócrita, que ignora que com o professor sempre se deve jogar limpo(po).

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