21 C
Maputo
Sexta-feira, 29 - Março, 2024

Sigarowane: Época Miguelina

+ Recentes

EDITORIAL

Alerto Bia aborda vida e ...

Nyusi diz que Manuel Tomé...

Mensagens enaltecem verti...

Djenguenyenye Ndlovu

NÃO há muito que se diga do que venha a ser. Também não é importante. Quando foi o fim da outra, foi mesmo o fim dela. E depois seguiram-se as recordações à medida que seus sobreviventes se cruzavam, nalguns casos como errantes, nas esquinas, ainda com dignidade dessa qualificação, nas taças, que não iguais como os da outra, são, à mesma, tascas, nos restaurantes, que voltam a ter alguma, mas alguma mesmo, vitalidade depois da pôrra do tal de Covid-19 que ainda grassa por estas bandas e por outras. Das praias parece não valer a pena dizer nada porque na verdade há muito deixaram de ser um atractivo. Passaram a entregar-se apaixonadamente aos livros mergulhando nesse imenso mar da liberdade e no resto que não precisa dizer-se.

Recordações de uma pancada forte e irritada no paciente e tolerante tampo da mesa para um número de ocupantes sempre incerto, de um cartão multibanco atirada para lá do muro em que se apoiam os cotovelos de cinquentões para cima, de onde se fazem as trocas comerciais com os ambulantes da sobrevivência. Desde o amendoim torrado em pequenos plásticos a Rolex’s falsificados ou então engenhosamente roubados. De um vasilhame da dois eme a voar e acabar estilhaçada na parede mais a sul resultado de uma cólera repentina. Do nada mesmo. A Vuvuzela que já tinha deixado de ser acarinhada, olhada de maneira ternurenta. Já ninguém a ligava, mesmo por conta da teimosia do dono. É das recordações muito presentes, nesses poucos acasos, para além dos petiscos do Genas, aos sábados. Assim a meio da manhã e a casa aberta apenas para eleitos, sujeitos á inveja de muitos desejosos e no entanto negados. Dos comentários em torno de casados de fresco rolando em unidades móveis do tipo automóveis que estacionam metros a sul. E os ocupantes a perderem-se nos majestosos jardins respirando a baía.

E os eleitos desses sábados, a meio das manhãs, a negarem refrigerantes às damas de honor, uma cervejinha,uma sanduíche e sumo aos postos para a ocasião. Voltam a atravessar a rua carregados de incerteza da hora em que possam,enfim, resolver o que acaba de lhes ser negado. Esperam porque terminem as sessões de estilo e posições para seguirem a um salão qualquer onde se julga espera-lhes mesa gorda e torneiras de onde jorro de tudo para todas as vontades e gostos.

É do outro lado daquela rua dos Duques, que muita poesia produziu. Que muita poesia produz. Um lugar de amor. Enfim, parnasiano.

E então…voltará a ser “habitada”?

Parece que sim. Aliás, nessa coisa de WhatsApp, febre do catano, circularam, ou ainda circulam, imagens de um novo look do lugar. Mais isto, menos aquilo. Requalificações como convinha ao Alex e a dona…bom, o mano velho, que gosta de caminhar em segurança não disse do nome da dona, mas que ela assegura a mesa daquela cambada de reformados vivendo de acaloradas discussões, na maioria das vezes fúteis, mas reparadores de frustrações várias ou próprias de crianças que ainda estão dentro deles. Aliás, nenhum deles sabe quando e onde deixou de sê-lo.

Mas é dos leitões. Muitos asseguram.

Não vá o diabo tecê-las. Está tão, tão próxima que já não há como. Será a dez. Este que vem. Que a época Miguelina se inaugura.

É justo.

Não sabido, é se os sábados continuarão vivos, a tábua, às vezes, de tapas que alindava o centro da mesa levarão a recordações e coisas do tipo “era mais ou menos…era diferente”. ”Isto está muito bom”.

Bom foi uma época. Esta é outra época.

Esta é época Miguelina,

E ainda há sobreviventes para a celebrar.

- Publicidade-spot_img

Destaques