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NA RETOMA DO DDR: Ex-guerrilheiros da Renamo querem regressar à casa

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UM ex-guerrilheiro da Renamo de nome E.S., de 53 anos de idade, manifestou a sua ansiedade de voltar para casa, afirmando que tem dez filhos e nenhum deles vai à escola, estando com planos de refazer a sua vida e da família.

Diz ter sido recrutado para a Renamo em 1983 e faz parte do grupo de cerca de 600 homens que beneficiam da retoma do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens residuais, que teve lugar terça-feira última, no distrito de Murrupula, província de Nampula.

Proveniente da base de Namilasse, em Murrupula, E.S. mede cerca de 1,70 metro de altura e aparenta ser muito mais velho do que os 53 anos de idade que diz ter. Franzinho, com um olhar triste e cansado, faz parte dos 40 antigos guerrilheiros da Renamo que, terça-feira última, entraram no programa do DDR.
A cerimónia teve lugar num centro de trânsito na zona do posto administrativo de Cazuzo, no distrito de Murrupula, não muito distante da sua base, conhecida como “Namaíta”.
Trata-se de um processo que vai durar 20 dias, no qual serão desmobilizados, desarmados e reintegrados 588 antigos guerrilheiros da Renamo, provenientes de todas as suas bases na província de Nampula.
“A minha esposa e filhos estão lá na vila de Murrupula. Nenhum dos meus filhos estuda, porque eu não estou presente. O que quero agora é reconstruir a minha casa, fazer a minha machamba, porque tenho um espaço para isso”, diz E.S..
O seu colega A.V. não sabe dizer a sua idade, mas afirma ter nascido no ano de 1964.
“Eu estou pronto para a paz, quero a paz. Estão em casa à minha espera, na vila de Murrupula, minha esposa e meus oito filhos. Os dois mais velhos são rapazes e as restantes seis são meninas pequenas. O meu desejo é fazer machamba e criar animais. Guerra para mim chega, nunca mais”, diz A.V., ajeitando a máscara de pano que o protegia da Covid-19.
A AIM conversou também com V. P.. Diz ostentar a patente de Tenente-Coronel na Renamo. Tem 55 anos de idade, solteiro maior, mas é pai de 10 filhos. O desejo dele é ser polícia.
“Sou Tenente-Coronel, voltei à base regional de Namaíta, mas actuei um pouco por todo o país. Tenho energia e gostaria de ingressar na Polícia da República de Moçambique. Tenho dez filhos. Sou solteiro e espero encontrar uma companheira num futuro breve”, contou.
O secretário-geral da Renamo, André Magibire, que testemunhou o acto, disse ser relevante o compromisso do presidente do seu partido, Ossufo Momade, em trilhar o caminho da paz e reconciliação nacional.
“Aos combatentes que hoje passam para a vida civil, desejamos sucessos, bom trabalho e boa sorte nas vossas comunidades”, disse.
“Quero apelar ao enviado especial das Nações Unidas, o embaixador Mirko Manzoni, no sentido de trabalhar de forma célere, para que as pensões dos combatentes sejam fixadas. Sabemos que esta é a responsabilidade do Governo, mas o citamos como representante do grupo de contacto”, apelou.
Magibire pediu ainda às autoridades e às comunidades para acolherem os ex-combatentes da Renamo da melhor forma, tratando-os com respeito e dignidade. “Pedimos também que, nos termos dos acordos, lhes sejam atribuídos terrenos para construírem as suas residências”, solicitou.
Por seu turno, o secretário de Estado na província de Nampula, Mety Gondola, que presidiu a cerimónia, destacou o papel do Presidente da República, Filipe Nyusi, no processo de pacificação no país.

Disse que o Chefe do Estado teve a clarividência de abrir linhas de diálogo formais e informais, no sentido de garantir a paz em Moçambique.
“Neste momento especial, vai uma saudação também aos nossos parceiros que permitiram que hoje, como país, abríssemos uma nova etapa que relança a esperança e a expectativa de construir um Moçambique que seja abrilhantado com um futuro risonho para todos”, afirmou Gondola e recomendou à equipa do Grupo Técnico Conjunto do DDR a trabalhar com afinco para que o processo tenha o final desejado.
Chamou, igualmente, à atenção os governos locais e líderes comunitários no sentido de permanecerem atentos e vigilantes para que as expectativas de todos os envolvidos no processo do DDR não sejam frustradas.
(AIM)

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