Segunda-feira, 17 Junho, 2024
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REFLEXÕES DA MUVALINDA: O meu cartão vermelho

Por Jornal Notícias
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Cândida Muvale*

Vermelho é uma cor linda, a minha predilecta. É a cor do partido político do qual sou militante, da equipa de futebol portuguesa de que sou adepta e também gosto muito de me vestir de peças de roupa com esta tonalidade e podem crer que fico radiante. O vermelho costuma estar associado a emoções fortes, como paixão, amor, energia e força. Também pode simbolizar perigo, poder e determinação. Em muitas culturas, é usado em celebrações e festividades, como casamentos e festas tradicionais.

No futebol, o cartão vermelho é mostrado pelo árbitro como uma punição severa. Ele é usado para expulsar um jogador do jogo devido a uma falta grave, conduta antidesportiva ou comportamento violento. Quando um jogador recebe cartão vermelho, a equipa fica com um jogador a menos, e pode ter impacto negativo no resultado da partida.

Hoje, aliado ao significado do cartão vermelho no futebol, quero me transformar numa árbitro e oferecer o meu cartão vermelho a algumas situações que me deixam demasiado agastada e com um misto de sentimentos negativos.

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Dou o meu cartão vermelho à corrupção, aos corruptos e aos corruptores, porque este mal mina a confiança nas instituições, prejudica a justiça social e económica, e tem impactos negativos na sociedade como um todo. Ofereço-o ao Ministério da Saúde que não atende as reclamações dos profissionais de saúde que estão em greve deixando toda a população à deriva; aos homens e mulheres que violentam os seus parceiros, ao Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), pela subida dos megabytes, pois a internet não pode constituir luxo; ao Ministério da Educação que não paga as horas extras aos professores e que pela péssima qualidade de educação pública está a destruir a única arma poderosa capaz de mudar uma nação.

Vai o meu cartão vermelho ao Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos pela lamentável situação das estradas, em particular da Estrada Nacional Número Um; à Universidade Católica de Moçambique – Extensão Maputo pelos deficientes serviços administrativos de controlo das mensalidades, comunicação, gestão dos estudantes e falhas da Plataforma Moodle; aos professores que assediam as alunas e estudantes; aos promotores de discussões e discórdias em vários níveis no país alegando tratar-se de liberdade de expressão; aos filhos que não respeitam os pais e ainda chamam-nos feiticeiros na velhice; aos esposos e esposas infiéis aos seus parceiros; aos que não respeitam o meio ambiente e atiram lixo por todos os cantos; aos estudantes que cometem fraude; à mulher que aborta; aos pastores ditos profetas e apóstolos que enganam aos seus crentes.

Na verdade, a minha lista de cartões vermelhos é infinita e esse é apenas um extracto dos que ofereço a tudo e todos que ferem os princípios éticos e morais e de boa convivência social.

Termino realçando o versículo bíblico que se encontra em Provérbios 8:13: “O temor do Senhor é odiar o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau caminho, e a boca perversa, eu os odeio”. Não preciso de fundamentar este versículo, creio que está claro.

*Psicóloga e activista social

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