ELÍSIO MACAMO, SOCIÓLOGO: Diferença ideológica não nos pode dividir

OS moçambicanos são chamados a nutrir e aprimorar a capacidade de concordar e discordar com diferentes ideologias, sobretudo, pensamentos que visam promover a união, o bem-estar e desenvolvimento socioeconómico do  país.

A posição foi defendida ontem pelo sociólogo e comentador político Elísio Macamo na aula inaugural da UP-Maputo, para quem o pleno exercício da cidadania implica aceitar as diferenças de opiniões.

“O pensamento contrário e crítico é muito mais difícil do que se pode imaginar, mas é fundamental para um bem maior. A cidadania não é apenas fazer o que está escrito na Constituição da República, envolve também o debate e aceitação de ideias com vista a se acordar e implementar a melhor versão de um argumento”, sublinhou.

Referiu, igualmente, que, nos últimos tempos,o país está mergulhado num contexto político social marcado por manifestações pós-eleitorais onde todo o mundo se sente no direito de falar, discordar e apoiar certos movimentos com ou sem propriedade.

“A troca de correspondências é boa, contudo, não chega às pessoas visadas e outros debates à volta do actual cenário do país não esclarecem como superar as diferenças. Por outro lado, alguns grupos que buscam por soluções não se acomodam no conforto das próprias convicções tornando mais difícil chegar a consenso”, explicou.

Macamo defendeu igualmente que os cidadãos têm o  dever de cultivar o hábito de opinar e contribuir com soluções em assuntos que estejam dentro da sua alçada de modo que se possa chegar a melhores consensos em situação de divergência.

“As universidades jogam um papel muito  importante nesta vertente, pois erguem a infra-estrutura do conhecimento, na medida em que ensinam não só o que pensar, mas também como pensar. Assim, as mentes ficam mais abertas e melhoram a esfera de percepção e tomada de decisões em variadas circunstâncias”, concluiu.

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