DestaqueOpinião & Análise CÁ DA TERRA: A carteira de um profissional Por Jornal Notícias Há 15 horas Criado por Jornal Notícias Há 15 horas 339 Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 339 SAÍ do serviço no meu horário habitual. É sexta-feira. Raramente acontece não ter programa, mas até então não tinha ideia em que local iria tomar a cervejinha da ordem. Resolvi entrar na espelunca mais próxima. Afinal uma só não faz mal a ninguém.Eu era, assim, mais um macho que se juntava à colecção que ali estava, apenas com a diferença de ainda estar lúcido. Seria apenas uma cervejinha. Olhei para os lados e calhou que os demais também olhavam para mim, talvez a questionarem o meu estado de ebriedade. Não tardaria que estivéssemos todos comungados, mas até então dava para ir passeando a minha classe de bêbado responsável. Pedi a minha cervejinha e ainda servi uma rodada aos três tipos que estavam na mesa vizinha. Nesta sexta-feira estava bem disposto e a carteira também estava recheada de algumas azulinhas, que pagar uma rodada não parecia desperdício. Afinal aquele meu gesto seria o meu fim. O João e o José, mais aquele outro que parecia maricas, cujo nome acabei por não fixar, me entulharam de bebida que quando dei por mim já estava sentado com os três, a conversar alto sobre tudo um pouco. Falámos sobre mulheres, sobre futebol, aliás estava a passar um jogo qualquer na televisão, só me lembro que uma das equipas era o Real. Também falámos sobre o preço da ressaca e também da vida, que apesar de difícil sempre continua. Não há como parar, não há como cansar. A bebedeira por vezes acaba por ser um refúgio para a dor de ver tudo a cair à tua volta ou de te terem tirado as asas quando estavas para levantar voo. O resto é sempre o resto. Pois! É mesmo assim. Não há nada para se fazer numa sexta-feira à noite senão deixar a alma se espreguiçar, que ela vá e volte nas ondas etílicas. Depois apaguei, só me recordo de, nalgum momento, ter perguntado pelo nome do servente que disse se chamar António. Era óbvio. Aprendi nessa estrada que os serventes ajudam-nos a reavivar a memória por entre os goles para tirar a ressaca. Quando acordei estava numa famosa boite da cidade. As streepers bambaleavam e se entrelaçavam por entre os clientes. Procurei os cigarros e acendi um. Fiquei curtindo o espectáculo. Afinal tinha acordado porque uma delas se esfregou em mim. Estava lixado. Afinal com que gente tinha eu me metido? Vocês são uns bandidos. O que vem a ser isto? Estou todo cheio de batom. Estou bêbado e se chegar à casa assim minha mulher me põe para fora – tentei balbuciar. Riram na minha cara. Foi quando compreendi que estava de facto lixado. Chamei o servente e pedi um drink. Aquela mistela sabia mais a álcool, um daqueles baratos comprados no Estrela, contrafeito, irmão do Xivotchongo. Mesmo assim bebi. Precisava lavar a cara. Paguei e minutos depois quando já estava a sair dou de caras com o Arsénio, um colega que há muitos dias não o via, de quem se dizia que andava perdido no álcool. Mais tarde vim a saber do servente António que tinha sido ele que me arrastou para a maldita boite. Afinal aquele é que era o seu mundo. A streeper, aquela que tinha me acordado, veio para cima de mim. Rebolou, rebolou e sentou. João e José me olharam e sorriram. Foi quando o Arsénio apareceu. Eles já se conheciam. A streeper partiu. Estava enrolado numa teia. Choveu mais bebida. Comecei a imaginar a ressaca e a dor de cabeça que sentiria. Sorri para eles, não sei porquê. Estava muito bêbado, mas conseguia ver o rosto do Arsénio, que de repente tornou-se no principal protagonista, pagava a todos e a todas. Não parava de esbanjar, afinal acabávamos de receber. Ó Arsénio a tua carteira anda bem gorda actualmente – atirei para puxar conversa. É carteira de um profissional – ripostou. Saquei a minha do bolso. Revirei e revirei e não achei nada que a valorizasse, nem um simples cartão que me identificasse como alguém que faz o que faz. Falta a carteira profissional. Uma discussão antiga. Porque ninguém põe o guiso ao gato, agora fala-se, por exemplo, que a profissão de jornalista é de todos. Qualquer um que se acha desempregado recorre ao jornalismo, incluindo carteiristas, sapateiros e modjeiros. Não há separação do trigo do joio. O barulho girava à volta de quem atribui a tal carteira da dignidade dos jornalistas. O debate retornou agora e o conluio parece que mantém-se – afastar o SNJ da comissão da carteira profissional, apesar de ser esta organização que lutou estes anos todos para que ela exista, para que os jornalistas tenham no seu bolso um instrumento de valorização profissional. Quiçá com a valorização também venha de facto a carteira de um profissional. Que cessem os abusos. Que são de vária ordem. 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