Sábado, 27 Julho, 2024
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BELAS MEMÓRIAS: A lição de Zengzi

Por Jornal Notícias
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A EXPRESSÃO “O prometido é devido” remete a um lembrete de quão importante é a confiança e integridade nas relações interpessoais. É uma frase amplamente citada e também foi cantada na voz do conceituado músico português Rui Veloso.
Recentemente ouvi um diálogo entre uma mulher que suponho tratar-se de uma mãe ou, no mínimo, encarregada de educação de dois menores, com os quais caminhava em direcção a um centro comercial da cidade de Maputo.
Ela vinha numa conversa afável, de amiga para amiguinhos, com algumas marcas cosméticas, a medir pelo nível de promessas que fazia, a propósito do Dia Internacional da Criança que se avizinhava.
Até podia ser alguém com condições de dar tudo o que mencionava mas, sublinho, era demasiado para ser verdade. Aguçou ainda mais a minha estranheza o facto de eu ainda acreditar que surpresa é sempre melhor coisa que se pode fazer a uma criança e não o óbvio, como estava a acontecer.
Provavelmente aquela mulher não estivesse a ludibriar os menores. Podia a sua atitude ser considerada uma brincadeira e nunca algo realizável, só para queimar o tempo e jogar a conversa fora.
Por conta de uma história que ouvi muito recentemente conclui, comigo mesma que, independentemente de tudo, tratava-se de algo não saudável, tanto para as crianças como para a pessoa adulta que as prometia um montão de coisas.
Assim sendo, mais do que uma simples negação do cumprimento de uma promessa, aquelas crianças podem, a partir daquele acto, desenvolver uma forma de ser reprovável na sociedade: Que é normal prometer algo a outrem e não honrar.
Na circunstância veio à memória a história do Zengzi, discípulo de Confúncio, filósofo chinês que viveu entre 551-479 (a.C), cujas ideias serviram de norma de comportamento para a sociedade chinesa durante mais de dois mil anos e exerceu influência sobre toda a cultura da Ásia Oriental.
Diz-se que num dia a esposa de Zengzi terá saído de casa em direcção à cidade e na ocasião prometeu à sua criança que ao regressar abateria um leitão para a família comer a carne. A promessa encheu a criança de entusiasmo e expectativa.
Com o regresso da mãe, Zengzi dirigiu-se ao curral, escolheu um leitão e enquanto se preparava para o abater a sua esposa impediu-o, alegando que a promessa feita ao menor não passava de uma brincadeira.
Zengzi não permitiu que a promessa passasse por letra morta, dado o impacto que isso produziria na criança em relação à família e entre ela e o meio onde ela vivia, beliscando assim a sua sinceridade e honestidade em relação a terceiros. O leitão foi deste modo abatido e houve, sim, carne em casa, tal como a mulher havia declarado.
Quem dera que esta lição de Zengzi guiasse a todos (adultos e crianças). Assim haveria pouco de desonestidade, falta de sinceridade e falsidade que caracterizam as relações nas famílias, instituições e na sociedade, em geral.

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