Sexta-feira, 3 Maio, 2024
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REFLEXÕES DA MUVALINDA: Inversão de papéis

Por admin-sn
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Cândida Muvale

OS movimentos feministas trouxeram pautas que até hoje influenciam a dinâmica das relações entre homens e mulheres e o valor da mulher na sociedade. De um lado, a conquista do direito ao voto feminino e ganho de mais espaço no mercado de trabalho são umas das pautas que o feminismo diz ter impulsionado no mundo e, de certeza, constituem aspectos nobres dos quais vemos os seus frutos (bons e maus) hoje em dia. Porém, não vejo o feminismo extremo como benéfico para as mulheres a longo prazo, pois, muitas vezes a linguagem usada é deveras agressiva que acaba sendo mal-interpretada, levando os homens a terem a mulher como uma ameaça. Ora vejamos: esta pauta de igualdade total de direitos e deveres, onde transparece que a mulher é auto-suficiente, capaz de realizar grandes feitos sem ajuda de ninguém (e acaba até passando a imagem que ela é superior ao homem) leva os homens a terem uma aversão pelas mulheres com essas ideologias ou a ficarem acomodados e se transformarem em gigolôs, pois ela fará por eles o que é ou deveria ser também da responsabilidade deles.

Nos últimos tempos vejo uma inversão de papéis que ao invés de exaltar só tende a prejudicar a mulher. É do instinto natural de um homem características como protecção e segurança. Segundo a teoria da evolução, os nossos ancestrais, homens iam à caça e protegiam a tribo dos animais ferozes, enquanto as mulheres ficavam em casa a cuidar das crianças e outros afazeres domésticos. Hoje, justificando-se dos princípios feministas, homens abdicam-se totalmente da sua função de prover financeiramente para o bem-estar das suas famílias e deixam tudo nas mãos das suas mulheres que acabam ficando sobrecarregadas e muito estressadas com a dupla jornada de trabalhar fora para sozinha prover financeiramente a família, cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos. Esta situação afecta bastante na sua qualidade de vida, ficando vulneráveis a sofrer de transtornos mentais porque a rotina é bastante desgastante.

A verdade é que actualmente muitas mulheres são homens e pais nas suas famílias, mesmo com a presença da figura masculina. Muitos homens perderam o senso e virilidade masculina, acomodam-se ao simples facto de a mulher também trabalhar fora e talvez auferir uma renda maior que a dele. Muitos homens, não sei se é por vingança ou comodismo, propositadamente estão a tomar essa inversão de papéis, que outrora era uma excepção, uma regra. Eles querem ser servidos, mas não querem servir, querem viver as ditas vidas largas à custa das suas parceiras e não sentem nenhum remorso por isso. Pelo contrário, orgulham-se por sugar todas as energias das suas parceiras e vezes sem conta também as violentam física e psicologicamente.

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Contudo, quero alertar que essa prática de adoptar comportamentos, características ou funções tradicionalmente associados ao género oposto – inversão de papéis, embora digam que busca promover a igualdade de género e a liberdade para que as pessoas possam se expressar independentemente das expectativas sociais baseadas no género, ela, na verdade, desafia as normas de género tradicionais. E a curto, médio e longo prazo acaba por sobrecarregar um lado em detrimento do outro e, infelizmente, as mulheres têm sido lesadas.

Creio que ainda vamos a tempo de resgatar o que nós mulheres com as nossas próprias mãos impulsionamos para assim estar; é necessário correr atrás do prejuízo. Os movimentos feministas em Moçambique devem levar avante este debate de uma inversão de papéis gradual, racional e inteligente para proteger as mulheres e não torná-las mais vulnerável para situações de violência baseada no género.

Hoje, busquemos reflexão no livro Efésios 5:25 que diz: “Marido, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.” Será que tu homem/marido leitor tem amado a sua esposa ao ponto de fazer um sacrifício como o de Cristo na Cruz?

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