Segunda-feira, 29 Abril, 2024
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Estado Islâmico… Estado Islâmico, só?

Por admin-sn
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Edmundo Manhiça*

DE novo esse Estado Islâmico… Estado Islâmico? Todavia, quem fez a encomenda e a enviou? É precisamente isto que carece de ser desvendado, de maneira esmiuçada, para que não se duvide da lógica destas e outras indagações. Acreditemos na natureza feroz e desumana deste “animal”, porque assim se manifestou lá, onde sempre actuou; também, admitamos que tudo está claro, quanto ao facto de que o seu modus operandi satisfaz inteiramente até à perfeição as expectativas de quem moldou o monstro à sua imagem e semelhança.

O Estado Islâmico constitui uma ameaça real para o mundo, superando mesmo a Al-Qaeda, de cujas profundezas emergiu. Por exemplo, desde que na Síria, Iraque, Líbia e Nigéria o movimento debilitou, em resultado de acções de combate ao terrorismo, empreendidas pela Comunidade Internacional, raríssimos foram os momentos em que se falou dele. Falira territorial e militarmente e deixara de ser uma constante, pelo menos nas páginas da imprensa mundial sumiu, mas, de repente, no dia 22 de Março, ei-lo passeando a sua classe sinistra em Moscovo, covardemente semeando o luto: 140 pessoas pereceram.

No dia 7 de Março, a embaixada dos Estados Unidos em Moscovo avisou os norte-americanos sobre uma “ameaça iminente” de ataques a grandes ajuntamentos na capital russa. No alerta online lia-se que “a embaixada está a monitorizar as informações de que os extremistas têm planos iminentes para atacar grandes concentrações em Moscovo, incluindo concertos, e os cidadãos americanos são aconselhados a evitar ajuntamentos nas próximas 48 horas”. Segundo EuroNews, o alerta foi emitido horas depois de o Serviço Federal de Segurança (FSB) russo ter declarado que “neutralizará uma célula terrorista do Estado Islâmico que estava a preparar um ataque a sinagogas em Moscovo”.

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Evidentemente, Kremlin se terá preparado para o trágico curso de acontecimentos; os cidadãos norte-americanos, aconselhados que foram a não frequentar centros comerciais, teatros e outros locais públicos, não desvalorizaram os alertas; representações diplomáticas de diferentes países em Moscovo terão tomado as devidas precauções.

Após o acto macabro, reclamado pelo Estado Islâmico, circulou rapidamente a informação de que o autor tinha sido este movimento. Sozinho? Não se socorreu de outra informação verosímil. Sabe-se que as investigações correm os devidos trâmites e a detenção de quatro terroristas viria horas após o incidente, incluindo colaboracionistas, contribui sobremaneira para o desvendamento de vários contornos. “Esta atrocidade pode ser o elo de uma cadeia de tentativas por parte daqueles que estão em guerra com a Rússia, desde 2014, pelas mãos do regime neonazi de Kiev”.

O facto de os terroristas terem sido detidos em direcção à fronteira ucraniana, abre espaço para muita conversa: não será o Zelensky que, como avestruz, esconde a cabeça deixando a cauda fora? Os membros do Estado Islâmico, sozinhos, todos com passaportes nacionais ucranianos, viriam a ser capazes de atravessar para o outro lado da fronteira, sem a bênção do Kiev?

A propósito, recordando-nos do nome Volodimir Zelensky, pretendemos referir-nos a essa mesma pessoa que acaba de aparecer na vossa memória; referimo-nos, igualmente, a todos aqueles que o acompanham na trincheira de “luta até ao último ucraniano”. É que, em resultado daquele acto hediondo, algo começou a fazer-se sentir: passou-se a falar de guerra, na verdadeira acepção da palavra, o que representa uma transição prática, de operação militar especial para a aplicação, por Moscovo, de estratégias e tácticas militares incomplacentes.

Outrossim, tornou-se imperioso reconfirmar a identidade dos possíveis mandantes, ou seja, dos “clientes” do acto terrorista. Pressupõe-se que, em algumas capitais, como Kiev, Berlim, Londres, Paris e, quiçá, Varsóvia, postos avançados do belicismo europeu, seja difícil piscar olho. Ninguém sabe de que forma virá a resposta do Krémlin. Falar apenas do Estado Islâmico parece ser o mesmo que fazer os bois dormir.

*PhD, Especialista em Problemas Políticos dos Sistemas Globais de Desenvolvimento

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