Quinta-feira, 9 Maio, 2024
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REFLEXÕES DA MUVALINDA: Sororidade

Por admin-sn
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Cândida Muvale

ASSINALAMOS hoje, 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher, uma data que celebra as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres ao longo da história. Também é um dia para reconhecer e reflectir sobre a luta contínua pela igualdade do género e pelos direitos das mulheres em todo o mundo.

Ainda esta semana, na segunda-feira, dia 4 de Março, o nosso país celebrou o 57° aniversário do Destacamento Feminino, que foi uma unidade militar composta exclusivamente por mulheres durante a luta pela independência do país que desempenharam papéis importantes no conflito, actuando como combatentes, enfermeiras, mensageiras e em outras funções essenciais.

O Destacamento Feminino desempenhou um papel significativo na história de Moçambique, demonstrando a coragem e a determinação das mulheres na luta pela libertação e igualdade. E já no próximo mês, 7 de Abril, iremos comemorar o Dia da Mulher Moçambicana. Logo, é bom que os homens preparem os bolsos para comprarem presentes para as mulheres das suas vidas.

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Não é de gastos em presentes que pretendo falar hoje, até porque as mulheres merecem toda a vénia e mimos possíveis, pois elas são uma criação divina pensada minuciosamente para coadjuvar o homem, como vem patente na Bíblia Sagrada, no livro de Gênesis, parte do antigo testamento.

E, cientificamente falando, a mulher é o único ser humano com útero que tem a dádiva de gerar um ser e assim garantir a continuidade da espécie humana.

Os mistérios do funcionamento do corpo da mulher na gestação e não só ainda não foram decifrados na totalidade, mesmo com o avanço da ciência. Os ginecologistas e obstetras que o digam. Mas também não é do funcionamento do corpo da mulher que pretendo falar.

Tenho a certeza que todos reconhecem que o mundo sem a mulher seria um autêntico tédio. Porém, este imprescindível ser na natureza é tido como alguém que infelizmente tende a competir uma com as outras. Diz-se por aí que as mulheres não são unidas, olham-se como inimigas, estão sempre prontas a puxar o tapete uma das outras, não se apoiam, vivem em intrigas e fofocas, denegrindo a imagem e reputação umas das outras. Competem entre si em relação à beleza, status, filhos mais aprumados, maridos mais bem sucedidos e/ou bonitos, posses materiais, nível académico, mestria na cozinha, até em relação a quem é mais chata, confusa e que ferve com pouca água.

Diz-se por aí que as mulheres não são leais, que não existe uma amizade verdadeira e genuína entre mulheres, que na primeira oportunidade traem-se e falam mal das suas ditas melhores amigas, que são líderes em invejar as qualidades das outras e fazer de tudo para rebaixarem a outra só para aumentar o ego.

As mulheres são tidas como mentirosas, dramáticas e não dignas de confiança. Até numa das suas músicas o rapper Hernâni da Silva canta: “não dá para confiar em mulheres as tantas parto nem dói”.

Quem também é responsável pela opressão da mulher na sociedade não são apenas os homens, mas sim outras mulheres que pelo papel e “status quo” que assumem na família, sejam como sogras, cunhadas, mães, avós influentes, tendem a “fazer vida negra” às suas noras, parceiras dos seus irmãos, filhas e netas.

Nas histórias infantis, filmes, seriados e documentários a figura da madrasta é de uma autêntica bruxa, feiticeira e fingida que maltrata os seus enteados. Não podemos tapar o sol com a peneira, pois em parte a encenação parte da realidade, realidade esta que é penosa. A verdade é que a cada dia diz-me que são escassas as “boadrastas”.

Isso tudo que as pessoas dizem por aí não são mentiras e deve ser por esta triste realidade que as feministas, nos últimos tempos, criaram a palavra sororidade que em linhas gerais significa a união e a aliança entre mulheres, baseadas na empatia e no companheirismo, em busca de alcançar objectivos em comum.

Do ponto de vista do feminista, a sororidade consiste no não julgamento prévio entre as próprias mulheres que, na maioria das vezes, ajudam a fortalecer estereótipos preconceituosos criados por uma sociedade machista e patriarcal.

A sororidade é o oposto da rivalidade feminina e visa, justamente, combater o “mito” de que mulheres são sempre rivais, estimulando o apoio e a união entre elas.

Por isso, nestas datas de comemoração do dia da mulher, fora usarem capulanas lindas, se organizarem em grupos com mesas fartas sem faltar brutal, gold e savana, tirarem fotos em grupos lindas e esbeltas com os melhores sorrisos a fingirem que se apoiam e se levantam umas às outras, deveríamos não apenas falar sobre sororidade mas praticá-la.

Minhas lindas e poderosas! a tua luz não irá se apagar se acenderes a luz da outra que está a desfalecer, um elogio, auxílio, suporte, escuta activa, conselho, encaminhamento a outra mulher igual, fará de ti mais plena.

As mulheres mais velhas e mais experientes devem ser o exemplo e passar o legado a gerações actuais e vindouras, pois sempre ouvimos falar que antigamente as mulheres se apoiavam mais em relação aos dias de hoje e isso é bíblico. Em Titos 2:3-5 vem patente o seguinte: as mulheres mais velhas, de igual modo, sejam reverentes no viver, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras do bem, para que ensinem as mulheres novas a amarem o marido e os filhos, a serem equilibradas, puras, eficientes no cuidado do lar, bondosas, submissas ao marido, para que não se fale mal da palavra de Deus.

E como se diz por aí nos movimentos feministas: mexeu com uma, mexeu com todas. Esse deveria ser o lema não só para momentos de confusão, como também de alegria e seriedade. Isto  está nas nossas mãos e só nós mulheres podemos mudar esta realidade.

Feliz Dia Internacional da Mulher

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